Steven Rosen do site Ultimate-Guitar.com entrevistou recentemente Dave Mustaine.Confiram abaixo alguns trechos da conversa.
Ultimate-Guitar.com: Quando você remixou os oito primeiros albuns do Megadeth você teve algum insight do seu próprio legado?
Mustaine: Foi legal poder ouvir novamente todo aquele material. Foi preciso reviver aquilo e as vezes foi ruim ter que voltar aqueles momentos que tinham sido dificeis. Algumas partes nem quis reviver. Fiz algumas coisas, e outras coisas que os outros caras fizeram, que tornaram momentos dificeis porque perdemos o foco. Não tínhamos roteiro.
Ultimate-Guitar.com: Mas tinha mais momentos positivos do que negativos?
Mustaine: Sempre há mais momentos bons do que ruins. Eu disse em "Loved To Death" que eu me lembrava mais do momentos ruins do que dos bons momentos, e isso é da natureza humana. Você se lembra mais do ruins do que dos bons, mas isso não quer dizer que tivemos mais ruins do que bons. Apenas gravitamos sobre essas coisas. É como quando você envelhece e começa a comparar cicatrizes. Eu participei do programa do Eddie Trunk, "That Metal Show" e Rex Brown e Vinny Appice participaram do mesmo episódio e todos estávamos falando de mágoas e coisa do tipo. E eu disse, "O que é isso? 'M*A*S*H'?" Quero dizer, foi assim - um bando de veteranos que foi para o campo se doou para fazer músicas para os nossos fãs. As vezes você não percebe quanto isso pesa em você.
Ultimate-Guitar.com: Na sua autobiografia, "Mustaine: A Heavy Metal Memoir", há muitas fotos, mas você quase nunca está sorrindo. Porque?
Mustaine: Deixa eu te dar uma imagem mental: Você está assistindo um desse programas sobre vida selvageme você ve aquele deserto dourado e uma gazela correndo, e logo atrás da gazela tem um leão. O leão está sorrindo?
Ultimate-Guitar.com: Você é o leão?
Mustaine: Sou um sobrevivente que persegue o que precisa para continuar vivendo. Nós tivemos muita oposição da indústria por conta do nosso estilo e das escolhas que fizemos. Nós tivemos nossos próprios problemas que ocorreram porque dissemos "NÃO" para algumas pessoas que quiseram trabalhar com a gente e essas pessoas depois falavam "Esse cara é um cretino" e inventavam toda uma história, quando tudo tinha sido um simples não. Lembro que estávamos fazendo teste para guitarristas e um cara apareceu e foi muito hilário. Ele fez o teste e não passou dai ele foi e disse para as pessoas que ele tinha escrito a "Wake Up Dead", que está no nosso segundo álbum ("Peace Sells…But Who's Buying?"). Nós estavamos fazendo o teste para o "Rust In Peace", então ele estava atrasado dois álbuns, pois já tinhamos feito o "Peace Sells" e "So Far, So Good… So What!". Há tanta gente esquisita no mundo e você começa a fazer esses teste e percebe como os músicos são bem peculiares.
Ultimate-Guitar.com: No livro você escreveu sobre como foi tocar com Metallica, Slayer e Anthrax no primeiro show do "Big Four" de 16 de junho de 2010. Foi tipo exigir o que era seu?
Mustaine: Não havia o que exigir porque em essência daria impressão que estava perdendo algo. Fomos amigos por um tempo e quando seguimos caminhos diferente musicalmente - Kirk Hammett não estava no meio e Robert Trujillo também não — foi por um motivo. O motivo não ficou claro para mim na época. Fiquei chateado com aquilo e acho que tinha a ver com o fato do álcool afetar meu julgamento. Todos bebíamos, mas uma coisa é certa, sempre fomos amigos. Acho que isso que tornou tudo mais dificil, quando você gosta mesmo de alguém, e é forçado a se separar, você meio que tenta justificar tudo ou esconde que tomou um pé na bunda. Não ha animosidade e nem precisamos dar explicações. Somos amigos e tudo aquilo ficou no passado.
Ultimate-Guitar.com: Várias músicas foram ressuscitadas no álbum "TH1RT3EN". O álbum é uma volta às épocas musicais do "Countdown To Extinction" e "Rust In Peace"?
Mustaine: Em partes, sim. Quanto se tem o mesmo time, vai ter um pouco daquilo ali, mas também há algo novo nele. Com a volta do David Ellefson, até certo nível, o baixo é o mesmo, mas não é. Dave trabalhou bastante nesses oito anos que ficamos separados porque eu sei como ele é bom - consigo ouvir alguém tocar e dizer se é uma fraude ou não. Sabia como era o estilo do Dave quando nos separamos. Ele era muito bom, e fazia parte da liga dos intocáveis. Dai ele voltou e quando ouvi ele tocando e pensei, "Nossa, cara, ele melhorou muito em vários aspectos." Ele está mais maduro, mais agressivo e fiquei empolgado. As músicas soaram renovadas. Quando você toca em estúdio é de um jeito dai você cai na estrada e se afasta daquilo. Você acelera aqui, desacelera ali, esquece uma parte ali e toca uma a mais ali. Quando ele voltou e estávamos tocando as músicas eu pensava, "Droga, parece que estamos no estúdio." Foi fantástico.
Ultimate-Guitar.com: Você ressuscitou essas músicas porque se indentificam com você?
Mustaine: Em partes, mas creio que não. O motivo por ter colocados essas músicas ali foi porque não sabia se poderia mais tocar e eu tinha algumas músicas de sobra. Precisavamos de material novo e não sabia se, fisicamente, seria capaz de fazer aquilo. Não quero me fazer de coitadinho nem que sintam pena de mim. Eu vejo caras como o Kerry da banda Slayer que tem tocado tão pesado quanto eu mas não tem os mesmo problemas porque ele foi esperto e se aquecia e se alongava antes de subir no palco. Gostaria de ter feito isso, mas é isso que diferencia as pessoas e as tornam únicas. Eu achava que não poderia tocar mais e usei as músicas que eu tinha. E os restos das músicas, que dissemos que escrevemos na hora, sim, fizemos porque não tinhamos mais músicas de sobra.
Fonte: Rust In Page
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